(...)"Artista inato, com quase cinco décadas dedicadas à pintura ou à sutil e difícil técnica da aquarela, J. David, carioca do Engenho Novo, faz uma homenagem lírica à sua cidade e ao seu estado nestas Aquarelas do Rio. Com invariável exatidão, ele passa do registro do cotidiano - como em "Algodão doce, subúrbio do Rio" ou "Gardênia Azul, Jacarepaguá" - à sobriedade quase geométrica de certas marinhas, como "Ilha do Governador, Colônia de Pesca", que nos recordam algo da maneira de um Pancetti ou de um Carlos Scliar. Seu cromatismo, sempre opulento, explode às vezes numa espécie de êxtase jubiloso, que podemos sentir perante "Palácio Imperial, Petrópolis" ou "A Casa Rosa, Paquetá". Invariavelmente, as aquarelas de J. David transmitem ao observador uma joie de vivre, uma espécie de comemoração do real que - como os antigos diziam a respeito do vinho - alegra o coração dos homens." (...)
Alexei Bueno - poeta, ensaísta e diretor da Galeria Manuel Bandeira, da Academia Brasileira de Letras.